sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Inter

A gestão entra em campo – InterNo terceiro texto da série, veja como a reforma do Beira-Rio para receber jogos da Copa do Mundo poderá consolidar a já reconhecida administração do InternacionalEm termos de profissionalização administrativa, pode-se dizer que o Internacional teve seu nascimento datado no ano de 2000, quando o então presidente Fernando Miranda - na época criticado pelos maus resultados dentro de campo - colocou em prática um embrionário modelo de gestão profissionalizada. Os gabinetes do clube gaúcho passaram a abrigar um número maior de especialistas, e foi introduzido um princípio que é básico em empresas de sucesso – a busca por resultados.A mudança administrativa forneceu as bases para u dentro de campo. Os títulos vieram em série, permitindo ao alvi-rubro do Rio Grande do Sul se autoproclamar o “campeão de tudo”. Com “cofres controlados e investimentos planejados”, como define Max Carlomagno, assessor da presidência do clube, o colorado faturou taças nacionais e internacionais, inclusive o Mundial Interclubes,  em um curto período de cinco anos - entre 2006 e 2010. E passou a ser visto como modelo de gestão por outros clubes brasileiros – especialmente ao romper a marca de 100 mil sócios.Para chegar a este quadro social, muito superior ao de qualquer outro clubeh do futebol brasileiro, o Inter trabalhou para capitalizar as conquistas de campo e projetar sua marca, trabalho capitaneado pelo diretor de Marketing, Jorge Avancini. Um reflexo da dimensão alcançada pelo clube aparece na edição “Grandes e Líderes – 500 Maiores Empresas do Sul”, publicado no mês de agosto por AMANHÃ, em parceria com a PwC. O Internacional aparece na 167ª posição, a frente de grandes empresas como a Drogaria Catarinense, a Guerra S/A e O Boticário Franchising. O clube faturou mais de R$ 175 milhões no ano passado. Mas ainda precisa avançar. Tanto que, no mesmo exercício de 2011, apresentou um prejuízo de R$ 23 milhões.Apesar deste  processo de amadurecimento administrativo, uma questão recente abalou o ambiente interno do clube – que até 2010 desfrutava de uma invejável unificação política. O pivô da crise que dividiu e confrontou influentes dirigentes do clube foi a reforma do Estádio Beira-Rio, escolhido pela FIFA para ser uma das t da Copa do Mundo de 2014. O motivo da discórdia: o Inter deveria reformar o estádio com recursos do seu próprio caixa ou agarrar-se a um parceiro para tocar com mais rapidez e segurança a obra de reestruturação? Ao fim do debate, que rachou o bloco político que vinha sustentando a nova e vitoriosa gestão do clube, a decisão final foi a de trocar alianças com a construtora mineira Andrade Gutierrez (AG), e criar uma parceria que, no mínimo, irá durar pelos próximos 20 anos a contar da reinauguração do estádio, prevista para dezembro de 2013.Presidente da Brio, empresa forjada pela construtora Andrade Gutierrez para gerir os espaços que serão comercializados pela companhia mineira, Marcelo Flores está otimista sobre as perspectivas para o clube.  “O Internacional tem plenas condições de administrar esse grande negócio sozinho”, afirma Flores. E acrescenta, em referência à capacidade de gestão do Inter: “O que para a maioria dos clubes é um salto, para o Inter é um passo.” A lentidão e a incerteza que cercaram as tratativas entre Inter e AG para a assinatura do contrato provocaram uma demora que quase retirou o Beira-Rio da lista dos estádios da Copa. Mas, ao fim de um imbróglio que teria envolvido até mesmo uma colorada ilustre, a presidente Dilma Rouseff, o acordo foi fechado.A minuta do contrato assinado concede à Andrade de Gutierrez, até 2033, a exploração dos camarotes, suítes, cadeiras vips e sky boxes (área VIP mais alta do estádio), restaurantes, lojas e o edifício garagem com três mil vagas. Na concessão de vinte anos também está incluída a comercialização de publicidade dentro do estádio (exceto as placas entorno do gramado). Além disso, caso o estádio receba o nome de uma empresa – os chamados naming rights – as verbas da venda de direitos tomarão o rumo dos cofres da AG.O restante das explorações comerciais – bilheterias, por exemplo, uma das mais atrativas fontes de renda – continuará sob o controle do clube. O Internacional prevê um faturamento de R$ 400 milhões ao longo do período de contrato. Valor equivalente a menos de metade da previsão de receita da AG, que espera levantar uma cifra próxima de R$ 1 bilhão no decorrer dos vinte anos de exploração. A partir de 2033, com o fim do contrato entre Inter e AG, o destino da gestão do estádio está em aberto. Duas opções são as mais prováveis: o Internacional gerenciará todo o complexo com sua equipe diretiva ou contratará uma empresa especializada para comercializar os espaços do estádio – escolha essa que poderá ampliar por mais algum tempo a aliança com a AG, através da Brio. Apesar das cogitações, a definição está um tanto longe de acontecer. “No dia em que acabar o contrato, o Internacional receberá toda a estrutura. Aí sim ele decidirá o seu futuro”, conclui Flores